Quando eu era criança, fui algumas vezes ao Banco Central visitar meu pai (ele foi servidor lá durante quase 40 anos). A lembrança que mais tenho dele era ele saindo tarde, muito tarde. 19h40, 20h30. No alto da minha inocência, aquilo era bem tarde.
Não foram raras as vezes, ao longo da minha carreira, que superei com folga esse horário. Dificilmente por vontade. Em geral, por necessidade.
O serviço público tem espaço pra todos. Inclusive para aqueles que querem trabalhar pouco. Mas isso é bom, porque abre um enorme espaço no topo para quem quer se dedicar. Meu pai, assim como eu, tivemos uma boa carreira, em parte porque nunca tivemos problema em ficar além do horário que outras pessoas considerariam razoável e trabalhar quando outros gostariam de descansar.
Isso é uma opção, e não digo que seja a correta. Foi o que funcionou para nós. Eu herdei uma parte dessa ética de trabalho dele, o que me permite pensar nisso não só para o serviço público, mas pra a minha carreira paralela de professor e instrutor.
São opções. Mas o que pude perceber é que muitas das lembranças que você cria acontecem quando a maioria das pessoas já foi pra casa e você continua à disposição do órgão. Você pode optar por não usar esse conhecimento, mas não pode de forma alguma ignorá-lo. Quer crescer? Esteja presente quando outros não querem estar.
Publicado originalmente aqui
Esse texto me emocionou.