Algumas histórias são mais divertidas do que outras.
Alguns meses atrás, lancei o livro Sucesso nos Concursos de A a Z. Foi uma festa bacana e bastante gente apareceu para adquirir o livro e me ouvir falar um pouco sobre concursos públicos – o panorama atual, comportamentos que têm se mostrado mais produtivos e, claro, sobre o livro.
Muitas dessas pessoas eram conhecidas, alguns leitores com quem eu havia falado por email e pelo blog e algumas pessoas que eu ainda não conhecia.
Lá pelo final da sessão de autógrafos, me surge uma garota acompanhada de uma amiga e diz que está estudando para o TCDF (prova que ia acontecer em poucas semanas). Pede que eu escreva algo que “dê sorte”.
Eu faço.
E digo mais: “Faça o seguinte: quando você passar, me mande um e-mail para contarmos sua história”.
Qual não é minha surpresa quando, a uma certa altura da vida, abro minha caixa de emails e vejo a seguinte mensagem:
E aí eu a chamei para vir aqui contar a história dela pra gente. Confira.
Fernando: Carime, obrigado por escrever novamente e vir aqui contar sua história para o pessoal do Blog. As histórias dos aprovados são muito importantes porque mostram que é gente que nem a gente que passa em provas. Gente com dificuldades, com sonhos, com expectativas, mas que vai atrás e busca o que quer.
Gostaria que você contasse um pouquinho da sua história de concursanda para o pessoal que nos acompanha. Como foi sua trajetória até o concurso do TCDF?
Minha trajetória começou final de 2007, quando eu estava no segundo semestre do curso de matemática e saiu o edital para o concurso do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Pará – CREA-PA. Eu estava entrando de férias da universidade e, por incentivo do meu pai (que é servidor público e há um tempo já vinha me estimulando a fazer concursos), resolvi me preparar para o referido concurso. A prova seria composta por Português, Informática, Legislação do CREA-PA e Matemática, era um edital pequeno. Fiz um planejamento e consegui aproveitar o meu período de férias para estudar todo o edital e chegar bem preparada para a prova. O esforço foi recompensado, alcancei o 2º lugar para o emprego público de auxiliar técnico (equivalente a técnico administrativo), eram 6 vagas.
Em junho de 2008 eu assumi no CREA-PA e tive que trancar a faculdade, pois não era possível conciliar o horário do estudo com o do trabalho. Em março de 2009, resolvi sair do emprego no CREA-PA e voltar para a faculdade. O tempo em que passei como empregada pública me fez ter a certeza de que eu realmente queria seguir a carreira pública, mas pensei que seria melhor adquirir um diploma de nível superior e buscar conquistar um cargo que exigisse esse nível de escolaridade, a ficar em um emprego público de nível médio.
Durante a retomada da vida acadêmica (meados de 2009 até final de 2011) continuei estudando para concursos. Prestei diversos certames, em muitos não consegui aprovação, em dois deles obtive êxito: o Tribunal de Justiça do Pará (maio de 2009), em que fui convocada para assumir o cargo no final da validade (setembro de 2013); e Secretaria de Saúde do Município de Belém/PA. Dificilmente eu conseguia me dedicar como gostaria para uma prova de concurso que eu fosse fazer, pois tinha que dividir meu tempo entre os estudos acadêmicos e os estudos para concursos. Porém, ressalto que foi importante não ter deixado de lado esse mundo dos concursos. Fui acumulando conteúdo, fiz provas de diversas bancas, creio que adquiri um pouco de experiência…
Em novembro de 2011, concluí a faculdade após a defesa do meu TCC e, depois de descansar uma semana, dediquei uma média de 8 horas por dia para me preparar para o concurso do TRE-CE (técnico judiciário – área administrativa). As horas de estudo foram bastante válidas, consegui a colocação 80 em um universo de mais ou menos 23.000 inscritos.. Após a prova do TRE-CE (janeiro de 2012), fiz a do Tribunal Superior Eleitoral (fevereiro de 2012). Nesse certame, alcancei a colocação 70 para o cargo de técnico judiciário – área administrativa, foram cerca de 50.000 inscritos. Nessa colocação imaginei que seria chamada, mas que isso ainda demoraria cerca de um ano. Continuei estudando e, vale ressaltar que, após terminar os estudos acadêmicos, tive o privilégio de poder me dedicar só para os concursos, graças ao apoio dos meus pais.
Em maio de 2012 obtive a 4ª colocação no concurso da Prefeitura de Ananindeua-PA para assistente administrativo. Em junho de 2012 prestei o concurso da CGU para Analista de Finanças e controle – Área administrativa, mas “bati na trave”. Confesso que esse resultado da CGU foi muito dolorido pra mim. Eu tinha me dedicado muito, estudado muito! Errei algumas questões por pura falta de atenção e isso me prejudicou bastante. Mas tive que superar né… Rs
Em outubro de 2012 prestei o da Câmara dos Deputados para o cargo de Analista Legislativo, estudei muito, mas também não obtive sucesso. Em novembro de 2012 eu assumi na Prefeitura de Ananindeua e, paralelamente à jornada de trabalho, continuei estudando. Em dezembro de 2012 consegui aprovação em 10º lugar para o cargo de assistente administrativo do Ministério Público do Pará.
Em janeiro de 2013, saí de Belém-PA para assumir o cargo de técnico judiciário no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. O TJDFT chamou aprovados da lista do concurso do TSE (o chamado aproveitamento) e eu aceitei ir para aquele Tribunal. Após assumir no TJDFT, continuei estudando, embora em um ritmo lento. Em julho de 2013 saiu o edital do MPU e eu resolvi concorrer ao cargo de Analista de Planejamento e Orçamento. Após o edital, intensifiquei o ritmo de estudo e consegui ser aprovada em 6º lugar para o referido cargo, eram 9 vagas. E, agora em 2014, alcancei o 4º lugar, de 5 vagas, para o cargo de ANALISTA de Orçamento, Gestão Financeira e Controle no TCDF.
Fernando: Essa é certamente uma grande prova e um sonho para muitas pessoas. O que te levou a escolher esse concurso?
Quando saiu a autorização do concurso, eu tinha acabado de ser aprovada no MPU e obtive a informação de que seria ofertada vaga para um cargo na área de orçamento, justamente a área que eu tinha escolhido para focar. Além disso, vi que, com o salário do TCDF, eu ficaria plenamente satisfeita, além de poder finalmente parar de estudar para concursos.
Fernando: Como foi sua preparação? Durante quanto tempo você estudou, quantas horas aproximadamente por dia, quais métodos e estratégias usava, como separava as disciplinas, como se organizava? Você frequentou cursinhos?
Minha preparação específica para o TCDF começou após o edital (4 meses antes da prova). Porém, é importante ressaltar que praticamente todo o conteúdo estudado para o concurso do MPU serviu para o do TCDF. Isso sem dúvida foi fundamental, pois o conteúdo a ser estudado não era totalmente novo para mim.
A média de estudos era 6 horas diárias de segunda a sexta, uma vez que eu trabalhava de 12:00 as 19:00. Nos finais de semana eu conseguia estudar em média 8 horas. Mais perto da prova intensifiquei para 10 horas.
A primeira fase da preparação foi o planejamento. Toda vez que eu sentava para estudar já sabia exatamente qual assunto, matéria…
Eu utilizei o mesmo método que estudei para o MPU: dividia o meu dia de estudo destinando um intervalo de uma hora e meia para cada matéria (É um tempo que eu, particularmente, julgo razoável). E em cada matéria eu definia qual tópico seria estudado. As que eu estudava por PDF’s, determinava qual aula eu estudaria. As que eu estudava por vídeo-aula, determinava quantas aulas seriam assistidas no intervalo de tempo de 1 hora e meia. Nesse intervalo de tempo eu conseguia “fechar” uma aula em PDF sobre Princípios Fundamentais, por exemplo. Mas sobre “Poder Legislativo” não conseguiria. Então eu analisava quantos dias levaria para concluir tal aula e já deixava estabelecido que a estudaria nessa quantidade de dias. Assim, eu fazia a divisão das matérias e conteúdos e procurava seguir à risca o planejamento feito.
Paralelamente, ficava atenta a cada prova aplicada pelo CESPE durante o tempo de preparação. Sempre que era aplicada uma nova prova, eu ia lá e a resolvia, como forma de treinamento.O único curso presencial que frequentei durante a preparação foi um “aulão” em exercícios da Lei Complementar 840/2011, estatuto dos servidores do DF. Por ser uma lei recente, não encontrei exercícios do CESPE sobre ela, então resolvi ir para esse “aulão” como forma de revisão, pois eu já tinha lido quase toda a lei.
Aproveito a oportunidade para fazer uma observação a respeito dos cursinhos: acho que frequentá-los no início do estudo para concursos é interessante, mas é preciso ter cuidado para não ficar dependente deles posteriormente. Penso que, a partir do momento em que você já adquiriu alguma base em certa matéria, não há a necessidade de continuar indo a cursos presenciais sobre ela. Você pode estudá-las por livros, vídeo-aulas e PDF’s que tragam um conteúdo mais aprofundado, por exemplo. Assim você economiza tempo.
Fernando: Quais foram as maiores dificuldades que você encontrou no processo?
“Encarar” matérias que eu nunca tinha estudado, como Direito Tributário e Auditoria. Fiquei com medo de não conseguir absorvê-las o suficiente para ter um bom desempenho nelas na hora da prova.
Outra dificuldade foi manter a confiança e a motivação em determinados momentos. Ao mesmo tempo que eu sabia que, se eu me preparasse bem, ia dar tudo certo, às vezes batia uma insegurança, um sentimento de que talvez eu não fosse conseguir me preparar como deveria.
Fernando: Nos momentos difíceis, como você se mantinha focada no seu projeto de aprovação?
Primeiramente eu pedia a Deus forças quando vinha o medo de as coisas darem errado. Pedia a Ele para me ajudar a manter o foco nos estudos e para que afastasse os pensamentos que viessem a me atrapalhar.
Além disso, tive a felicidade de ser estimulada por muitas das pessoas que estavam ao meu redor. Um dia, meu marido percebeu que eu estava um pouco aflita e com a confiança baixa. Então ele conversou comigo e disse pra eu continuar acreditando e me dedicando, que tudo ia dar certo.Alguns colegas de trabalho também me davam palavras de incentivo, alguns amigos também. Diziam que acreditavam muito que eu seria capaz de chegar lá.
Em outros momentos, eu ficava dizendo para mim mesma: “É minha chance de parar de estudar para os concursos, o órgão é bom, o salário excelente, preciso continuar focada”!
Fernando: Quais as principais dicas que você daria para quem está se preparando para concursos públicos?
Quando a gente começa a estudar para concursos, faz toda prova que vem pela frente. A primeira dica que dou é: tenha foco! Selecione um grupo de matérias para manter os estudos somente nelas em um determinado período de tempo. Esse grupo de matérias geralmente é definido de acordo com a área para qual você vai prestar concursos: Tribunais, Agências Reguladoras, Poder Legislativo ou algum órgão específico, etc… É claro que existem matérias que caem em praticamente todos os concursos, essas você tem que estudar sempre, sem dúvida, comece por elas. Também existem matérias que só caem em determinado concursos, especificamente.
Eis um exemplo a respeito dessa questão de foco: o edital para Câmara dos Deputados saiu pouco depois do edital do TCDF. Na ocasião, muitas pessoas falaram para eu tentar também para o cargo de consultor de orçamentos da Câmara, já que era a área para a qual eu vinha me preparando e em que tinha passado no MPU. Eu mesma cheguei a cogitar essa possibilidade, porém, ao analisar os dois editais, vi que, embora os dois certames tivessem matérias que eu já vinha estudando há algum tempo e matérias comuns, o da Câmara continha matérias a mais, e eu não teria tempo de estudá-las bem. Se eu fosse fazer os dois, perderia o foco no TCDF ao ter que parar para estudar algumas matérias para a Câmara, já que a prova dela era antes. Então, preferi não arriscar nos dois, somente no TCDF. Tinha certeza de que eu teria tempo de me preparar bem o suficiente para conseguir a vaga. Foi o que aconteceu.
Outra dica é a questão do planejamento. Não sente para estudar e fique procurando o que vai estudar. Planeje-se com antecedência, isso otimiza o tempo. Como você vai fazer isso depende do tipo de planejamento a ser adotado, eu adotei aquele que achava que daria certo pra mim, existem vários tipos. Aí você pode conversar com outras pessoas, pedir dicas…
Eu costumo dizer que concurso público é, dentre outras coisas, acúmulo de conhecimento. Você passa um tempo acumulando conteúdo sobre diversas matérias, até o ponto de você atingir o nível de preparação suficiente para conseguir a aprovação no concurso desejado. Nesse tempo de preparação, é ideal que você não faça coisas como: parar de estudar, depois retomar, depois parar, e assim sucessivamente… Ou seja, não ter ritmo constante de estudo; estudar sem disciplina, sem foco, com materiais de pouca qualidade, etc. ; ficar achando que determinados concursos são tão difíceis, ao ponto de você achar que não tem capacidade para passar na prova. Eu mesma já tive esse tipo de postura. Não pense assim, prepare-se com qualidade. Se o resultado positivo vier, ótimo! Se não vier, siga em frente.Bem, esse assunto rende tanto que você até publicou um livro a respeito, não é professor?? Rsrs.
Por fim, destaco algumas atitudes essenciais a serem tomadas ao longo da caminhada: planejamento, foco, disciplina, determinação, perseverança.
Fernando: Quais os planos para agora? Continua estudando ou fica onde está?
Pretendo fazer carreira no TCDF. Antes de conseguir essa aprovação, eu já estava me sentindo cansada dessa rotina de estudos e tinha decidido que o TCDF seria o “fim da linha” dessa caminhada de concurseira.
Carime, muito sucesso para você em toda essa jornada. Com certeza, você chegou, depois de um merecido percurso, ao ponto em que muitos de nós gostaríamos de estar.
E você? Qual parte da história dela você mais gostou? Deixe um recado abaixo. (Eu ia comentar a entrevista toda, mas resolvi deixar para conversarmos nos comentários, então mande ver).
Sucesso,
Ótima lição de vida!!!!!!!!!!! Parabéns Carime! Mas como alguém que trabalha das 7 às 18h pode estudar 8h por dia? Não dá!!! Mas mesmo assim o importante é ter foco e força de vontade!!!!!!!!!!
Planejamento, foco, disciplina, determinação, perseverança…
Cinco ingredientes básicos para o sucesso.
Costumo dizer que recebemos de Deus a capacidade de ir longe, o que nos falta quase sempre é a parte que cabe a nós fazermos.
Parabéns pela sua conquista!!!
Mari, realmente. Os ingredientes estão todos aqui para aqueles que quiserem misturá-los e finalizar a receita.
Histórias assim nos mostram que não há mistério.
Abraço e obrigado por comentar.
Show! Parabéns pela dedicação e foco, Carime! Façamos nossa história!
\o////
Muito bom professor! Mais uma vez nos mostrando que só não consegue atingir seu objetivo quem desiste!
Parabéns à Carime! Uma fonte de inspiração e força a sua história! Obrigada por compartilhar!
Isso aí, Lorena. Com certeza, há espaço para todos que se dedicam.
Abraço,
Em que parte da história da Sra. Carime o blogdofernandomesquita.com.br
entra?
Abraço,
L.F.
No depoimento da aprovação ;). Mas isso não tira o charme da história.
Poxa que história linda!
fiquei muito motivada!! =)
Isso aí, Samanta. Fique firme, que em breve vamos contar a sua história aqui também =D. Abraço,
Boa tarde a todos.
Gostei muito do comentário da Carime; Estou estudando para o INSS e em 2012 eu bati na trave mas creio que este ano estarei lá.
Obrigado professor por seu incansável interesse em nos ajudar.
Isso aí Willgens,
Continuar estudando para o INSS foi a melhor escolha que você fez, vai valer a pena e vai dar tudo certo!
Abraços
Bela história!
É um incentivo para que continuemos perseguindo a aprovação e mostra que tudo é possível quando buscamos com afinco aquilo que queremos.
Obrigado por trazer este exemplo de vida para nós, Fernando!
Um abraço.
Jefferson, pura verdade. O caminho está aí para quem quiser trilhá-lo.
Obrigado por comentar.
Abraço,