É razão de pânico, mas há 3 formas de tentar lidar com isso. Confira:
Eu sempre me compadeço de situações esparsas que acontecem, mas que realmente mexem comigo.
Uma leitora recentemente me escreveu com o seguinte teor:
Professor, tenho um mês para um concurso, estou perdida nos métodos de estudo. Me ajuda pelo amor de Deus! Qual método devo adotar?
Eu tenho um pouco de aflição em relação a algumas dessas mensagens, porque mostram duas perigosas facetas dos concursos: o despreparo que temos em relação ao tamanho do desafio e; a eterna busca pela magic bullet que vai resolver todos os seus problemas e te livrar de todas as aflições.
Mas nós já sabemos que não existe fórmula mágica.
Eu costumo dizer que concursos são simples, embora sejam difíceis. Você já sabe que o contrário de simplicidade não é dificuldade, mas sim complexidade. E o contrário de dificuldade é facilidade.
Passar em concursos é simples. Você precisa Estudar, Aplicar, Revisar e Adaptar-se, conforme previsto no Ciclo EARA (o único método de estudos que você precisa).
Mas ao mesmo tempo você precisa respeitar esse desafio.
Hoje, nós vamos falar sobre 3 (relativamente) simples estratégias que você pode adotar para não cair no mito da saída mágica.
1. Entenda os básicos
Concursos são simples.
Você precisa:
- Estudar, ou seja, entrar em contato com o conteúdo e entender o que as disciplinas são e como funcionam;
- Aplicar, ou seja, resolver questões para ver como a banca se comunica com você e como são as questões na vida real – uma fase importantíssima, já que são esses acertos que vão determinar sua aprovação ou não;
- Revisar, porque você não vai se lembrar de tudo que viu só porque está na frente agora.
- Adaptar-se, ou seja, registrar seu desempenho e fazer as alterações necessárias para uma evolução constante, porque o que funciona para você agora não vai necessariamente funcionar nos próximos meses.
(Coincidentemente, essa é a lógica do Ciclo EARA cujo livro com o método completo você encontra neste link)
2. Concursos não são para aventureiros
Sabe aquele ditado “o que vem fácil vai fácil”? Na vida e nos concursos, é assim que funciona.
Nós damos valor ao que nos dá trabalho. Porque esse tempo de maturação entre decidir e receber é que nos faz valorizar a posse.
Aproveitando a cultura popular (e nerdeando um pouco, porque é isso que deixa a vida divertida), você acha que o Smeagol daria tanto valor ao anel se tivesse encontrado ele depois de 2 minutos procurando? Óbvio que não.
O que faz uma criança ser mimada? Disponibilidade.
O que faz um servidor ser mimado? Aprovação sem esforço.
A aprovação pode (e, defendo, deve) ser rápida. Mas velocidade não significa facilidade. Não é porque você chega rápido que você não se esforça. Não é porque você passa de primeira que você não mereceu aquela aprovação.
Quando digo que concursos públicos não são para aventureiros quero dizer que, sim, é possível passar sem estudar, mas isso normalmente não faz bem. Nem para a pessoa que passa nem para a instituição para onde ela passa nem para os concursos públicos.
Para a pessoa, significa que ela não vai associar o resultado a valor, e vai provavelmente começar a achar tudo ruim, fraco, trabalhoso, burocrático. Servidor mimado.
Significa que o serviço público tem de ser assim? Certamente não. Mas mudanças acontecem aos poucos. Você não vai chegar com seu pó de pirilim pim pim e fazer todas as mudanças que precisam ser feitas só porque você tem a mágica visão da eficiência.
Para o órgão, é ruim porque, bem, você é obrigado a contratar alguém que não tem perfil para o serviço público e não teve nenhum tempo de maturação para pensar nas escolhas e apreciar o que faz.
Para os concursos públicos é ruim porque sempre vira aquele primo distante que “passou sem estudar, então por que eu não consigo”?
Damn…
Embora algumas pessoas aceitem que certas aprovações podem ser fruto de sorte, você não imagina que alguém tenha passado para Auditor Fiscal, Magistrado ou Diplomata por acidente.
“Ah, sei lá, tava sem o que fazer, fiz a prova de juiz e passei!”
Parece estranho? É porque é. Mas o acaso só te leva até um certo ponto – normalmente insuficiente para que você tenha o sucesso que deseja ter.
3. Se você tem um mês para a prova, você tem uma saída.
Você pode buscar o máximo de qualidade resolvendo questões de concursos anteriores. Não 2 ou 3 questões, mas 300 a 400 por dia. Em 30 dias, você terá resolvido cerca de 9 a 12 mil questões.
Eu normalmente sou contra números mágicos (porque eles geram mais problemas do que soluções), mas eles são bons porque nos dão um norte para onde olhar.
Existe algo mágico em resolver 10.000 questões? Não, assim como não existe mágica nas 10.000 horas de Ericsson. Mas o número te dá um direcionamento sem o qual talvez fosse muito mais difícil evoluir.
A simples resolução não basta. Você precisa registrar suas respostas erradas e procurar aprender com esses erros. Quanto mais você se dedicar ao processo de resolução -> registro -> revisão, mais consistente será seu aprendizado.
É semelhante àquilo que recomendei na Teoria da Borda.
É uma estratégia perfeita? Claro que não. Mas, no fim das contas, não há estratégias perfeitas. Há apenas formas melhores ou piores de lidar com os problemas e circunstâncias que surgem. Muitas vezes, é sua capacidade de lidar com o imprevisível que define sua chance de sucesso.
Você pode se desesperar, gritar e entrar em pânico por conta da falta de planejamento, mas a quem isso ajuda?
O que nos leva o nosso ponto bônus:
4. (Bônus). Não permita que isso aconteça mais.
Reza o velho ditado que errar é humano, mas insistir no erro é burrice.
Todos nós acabamos caindo de paraquedas nesse mundo. É normal. A gente erra pra caramba, o tempo todo. Estuda errado, não revisa, faz questões só uma semana antes da prova, não tem ideia de quanto tempo estudou nem quais são nossas disciplinas mais fortes e mais fracas.
Mas uma vez que você vai aprendendo, a forma mais segura de você ter certeza de sua aprovação é evitando os erros anteriores.
Sim, você pode passar sem estudar. Sim, você pode dar sorte.
Mas o problema é que sorte não é reproduzível e a maioria de nós vai precisar de mais de uma aprovação para alcançar o cargo que quer.
Se você segue um processo problemático e tem sucesso, as chances são que você vá se complicar mais à frente, porque vai achar que o que você fez antes vai funcionar de novo.
Isso nem sempre acontece.
E é muito mais simples repetir o que dá certo porque você sabia que ia dar certo. É muito mais simples você se dedicar a aprender o básico que você precisa para se superar e transformar isso em um sistema.
Passar em concursos não é complicado, mas é difícil, sim. Se não fosse, qualquer um passaria.
Mas você não é qualquer um.
cara, estou na mesma situação dessa leitora. E com certeza, tudo que disse me ajudou um montão. obrigadaaa!
Olá Fernando, Bom dia. Iniciei minha jornada no mundo dos concursos agora, trabalho durante o dia, tenho uma filha criança e disponho de 03:00h de estudos por dia de seg. à sex. (das 19:00 às 22:00), No sábado estudo um pouco mais. Praticamente todas as disciplinas são novidades. Estou focando o Concurso do IBAMA previsto para esse ano, o Ultimo edital para Analista trouxe 10 disciplinas, tenho alguns materiais, mas não sei como organizar o pouco tempo no ciclo EARA para que eu consiga cobrir todas as matérias.
Oi Fernando,
Estou a 30 dias da minha prova de concurso. Gostaria de saber se com o tempo que tenho vale a pena comprar materiais preparatórios, do tipo Estratégia Concursos, Gran Cursos entre outros, ou posso ir baixando da internet os que tiver ao alcance e montando apostilas. Acha que seria uma boa isso ?
Alem do mais adorei seu artigo.
No aguardo pela resposta.
Fernando,
Gostei muito do seu texto. Estou me preparando para entrar em uma Assembleia Legislativa e teu texto caiu como uma luva!
Abraços camarada.
Fernando, parabéns pelo artigo!
Tenho só uma dúvida a respeito do que você falou sobre o número de questões a serem resolvidas, isto é, e quando se trata de uma prova escrita ou discursiva versando sobre várias matérias, como proceder nos estudos? ps.: considerando o tempo de aproximadamente 30 dias antes da prova.
Grato pela ajuda.
Rodrigo
Rodrigo, tudo bem?
A lógica continua a mesma. Foque-se na resolução de questões e procure discursivas semelhantes para praticar. Se não houver, crie suas próprias.
Você pode me dar um exemplo real dessa situação?
Ótimo artigo!
Me permita tirar uma dúvida: cheguei a um ponto do estudo, em que me deparo com muitas questões repetidas de uma determinada matéria; sinto que estou decorando algumas questões e as respondendo mecanicamente. A dúvida é: continuo resolvendo as questões, mesmo repetidas, ou paro? Ou então, qual a melhor saída?
Obrigada e parabéns pelo ótimo trabalho!
Rafaela, tudo bem?
Comece a fazer uma avaliação. Sempre que você se deparar com um item, em vez de simplesmente responder Certo ou Errado, comece a se perguntar:
– Por que é certo?
– Por que é errado?
– Quais os principais elementos dessa resposta?
– O que eu precisaria saber para responder isso com segurança?
Se você não tiver plena convicção da razão por que um item é certo ou errado ou se de fato não souber a resposta, é hora de estudar aquele tópico mais a fundo.
Uma vez que a questão esteja 100% superada, você não precisa mais resolvê-la. Pode passar para outros tópicos em que você tenha mais dificuldades ou mesmo questões de outras bancas (não é a solução ideal, mas funciona).
Sucesso,
É possível resolver 10 mil questões em 30 dias dessa forma tão aprofundada?
Excelente artigo!
Estou começando a achar que vc também está aprendendo a ler pensamento … rsrs
Hahaha. Vai que eu leio, Dayse. Nunca se sabe =D.
Fernando, tem um pacote de revisão do estratégia concursos é melhor eu investir nesse do que no pacote completo?
Visto que trabalho o dia todo e meu tempo de estudo é muito limitado e a prova do concurso esta próximo é a melhor escolha?
Elizandra, tudo bem?
Não sei exatamente a qual pacote você se refere nem para qual prova você está estudando, mas vale a pena conferir se ele atende pelo menos 70% do edital. Uma vez que esteja lançado, é preciso se focar nos tópicos mais cobrados. Se for o caso, vale a pena sim.
Estou estudando para a prova do TCU – técnico, o pacote é do estratégia concursos Reta final – completo de questões comentadas p/TCU. Obrigada pela a dica
Parabéns Fernando!! Mais uma vez seu artigo abriu meu olhos.. rsrsrs
Mas estou com uma dúvida: no caso de tópicos que ainda não estudei, eu continuou estudando a teoria nesses últimos 30 dias ou fico só na resolução de questões?
Alice, que beleza! =D
É interessante você se focar nos tópicos mais cobrados em prova. Após o lançamento do edital, escolhas difíceis precisam ser feitas, inclusive não estudar tópicos que tenham poucas chances de cair. Analise as provas anteriores (se houver) ou o histórico de cobrança da banca para cargos semelhantes e trace sua estratégia.
Exercícios e revisões são fundamentais agora.
Boa prova.
Obrigada Fernando..
vou me dedicar às revisões e aos exercícios.
Sucesso!!